No Ano Internacional da Química

Espaço da Ciência vai abrir<br> novas perspectivas

«Com a luta tudo se trans­forma» é o lema do Es­paço da Ci­ência da Festa do Avante!, que –

Em en­tre­vista ao Avante!, Au­gusto Flor, Ana­bela Silva, Alice Fi­gueira, Lurdes Silva, Joana Dinis e Sílvia Silva, «equipa» onde reina a boa dis­po­sição e a von­tade de fazer me­lhor, ex­pli­caram o que os mi­lhares de vi­si­tantes po­derão en­con­trar du­rante os três dias na­quele es­paço, junto ao Palco 1.º de Maio, que tem con­quis­tado de ano para ano cada vez mais pú­blico, que ali tem a opor­tu­ni­dade de co­nhecer, ques­ti­onar, ex­pe­ri­mentar e di­vertir-se, apren­dendo.

Es­tamos a viver um mo­mento da so­ci­e­dade em que as pes­soas se ques­ti­onam pouco

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Todo o Es­paço da Ci­ência será acom­pa­nhado por uma ex­po­sição que co­meça por dar a co­nhecer o que era a quí­mica ainda antes de o ser, ou seja a al­quimia. A im­por­tância do Re­nas­ci­mento, do Ilu­mi­nismo e de La­voi­sier, entre muitas ou­tras per­so­na­li­dades, numa pers­pec­tiva his­tó­rica, será o passo se­guinte. O vi­si­tante terá ainda opor­tu­ni­dade de per­ceber a im­por­tância da quí­mica na ac­tu­a­li­dade, nos ali­mentos, na saúde, no am­bi­ente e na energia.

  «Vamos ter al­guns mó­dulos onde se ex­plica a linha his­tó­rica da Re­vo­lução da Quí­mica, dando des­taque ao Re­nas­ci­mento, ao Ilu­mi­nismo e a La­voi­sier, que surgiu no con­texto da Re­vo­lução Fran­cesa e que de­mons­trou que a ma­téria, em vá­rias re­ac­ções quí­micas, pode mudar de es­tado, mas a quan­ti­dade não, dai a frase "na na­tu­reza nada se perde, nada se cria, tudo se trans­forma"», re­velou Ana­bela Silva.  

Alice Fi­gueira falou da his­tória da quí­mica, desde as ci­vi­li­za­ções mais an­tigas, entre quatro e cinco mil anos antes de Cristo. Nesta parte da ex­po­sição será abor­dada a uti­li­zação do fogo, a me­ta­lurgia e a quí­mica do­més­tica. «A partir do fogo surge a me­ta­lurgia, que co­meça com a trans­for­mação do cobre e do bronze», in­formou, lem­brando que com a quí­mica do­més­tica «apa­recem os tintos e as tin­tu­ra­rias, no­me­a­da­mente de cor púr­pura, re­ti­rada de um mo­lusco». «A ce­rusa (car­bo­nato de chumbo) acla­rava a pele das ro­manas, o ci­ná­brio en­trava na com­po­sição do ver­melho do rosto dos ate­ni­enses e o ma­la­quite era uti­li­zado na ma­qui­lhagem dos egíp­cios, para se pro­te­gerem do sol», pros­se­guiu Alice Fi­gueira.

 Mas se a quí­mica é vida também a po­esia o é, daí a re­fe­rência à «Lição sobre a água», do ci­en­tista e poeta Ró­mulo de Car­valho, (sob o pseu­dó­nimo de An­tónio Ge­deão), que enuncia as pro­pri­e­dades quí­micas para ca­rac­te­rizar a água, jun­tando-lhe sen­ti­mentos e emo­ções.  

Na parte da ac­tu­a­li­dade, a quí­mica será abor­dada na ver­tente da saúde, da ali­men­tação, do am­bi­ente e da energia. «Em re­lação à quí­mica na saúde, vamos tentar ex­plicar que muitas das coisas que uti­li­zamos em saúde (me­di­ca­mentos, anes­te­sias, etc.) são con­sequência de todos os co­nhe­ci­mentos da quí­mica ao longo do tempo», sa­li­entou Joana Dinis, acres­cen­tando: «Vamos ainda ex­plicar como é que eles (com­po­nentes quí­micos) fun­ci­onam, como ac­tuam em nós, e dar exem­plos de uma série de fár­macos que são uti­li­zados».

Na ali­men­tação, adi­antou, «será feita uma re­fe­rência à forma como os ali­mentos podem ser ma­ni­pu­lados (pão, io­gurte, queijo, entre ou­tros), fa­zendo uma ponte com o fu­turo, no­me­a­da­mente com novos ali­mentos e novas formas de os con­fec­ci­onar». Para o de­mons­trar «ha­vemos de ter ex­pe­ri­ên­cias», pre­ten­dendo-se que «esta parte seja bas­tante di­nâ­mica, para in­te­ragir com o vi­si­tante».

Sobre a re­lação da quí­mica com a energia e o meio am­bi­ente, será va­lo­ri­zada a ne­ces­si­dade, ainda se­gundo Joana Dinis, de «um es­tilo de vida mais sus­ten­tável», per­ce­bendo «como é que po­demos ex­plorar os re­cursos mi­ni­mi­zando o im­pacto no meio am­bi­ente».

Porque no Es­paço da Ci­ência sempre se deu muita im­por­tância às ex­pe­ri­ên­cias, por ser uma forma de as pes­soas cap­tarem me­lhor a men­sagem, este ano, an­te­cipou Sílvia Silva, «vamos dar um salto maior com as ex­pe­ri­ên­cias», não só em nú­mero como em áreas de ex­pe­ri­men­tação. Para isso exis­tirão «mais ins­ti­tui­ções a tra­ba­lhar e a co­la­borar con­nosco», tor­nando a ex­po­sição «aquilo que nós que­remos que ela seja: mais do que este grupo, mais do que as pes­soas que a vi­sitam, que­remos levar a ex­po­sição para ou­tros sí­tios, ser fa­lada, por exemplo, nas fa­cul­dades».

Este es­paço terá ainda a co­la­bo­ração do pro­fessor Má­ximo Fer­reira, com a parte da as­tro­nomia, e do Es­paço Ci­ência Viva, de Cons­tância, que vão tratar a quí­mica no uni­verso. «Só en­ten­demos o que se passa no dia-a-dia quando per­ce­bermos o que se passa no uni­verso, como eles nos in­flu­encia», su­bli­nhou Au­gusto Flor

 

Es­paço lú­dico e pe­da­gó­gico

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Este é ainda um es­paço de­di­cado à cri­ança, onde os mais pe­quenos po­derão de­se­nhar, pintar e ex­pe­ri­mentar vá­rias formas de con­tacto com a quí­mica. «Este é o pri­meiro des­pertar para as cri­anças, e o Es­paço da Ci­ência tem sempre uma função pe­da­gó­gica e lú­dica», disse Lurdes Silva.

«Pre­ten­demos que a nossa ex­po­sição seja aces­sível a qual­quer vi­si­tante da Festa, para que per­cebam a im­por­tância que a quí­mica tem nas nossas vidas, tendo todo o rigor ci­en­tí­fico», afirmou Au­gusto Flor, va­lo­ri­zando, este ano, a par­ti­ci­pação da So­ci­e­dade Por­tu­guesa de Quí­mica, assim como de do­centes, in­ves­ti­ga­dores e ca­te­drá­ticos da Fa­cul­dade de Ci­ên­cias de Lisboa, da Fa­cul­dade de Ci­ên­cias de Coimbra e da Uni­ver­si­dade Nova de Lisboa.

Os úl­timos mó­dulos serão re­ser­vados ao fu­turo da quí­mica e às pro­postas do PCP sobre esta área da ci­ência, dentro da pers­pec­tiva de ver «Por­tugal a Pro­duzir», cam­panha de­sen­vol­vida em de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais, que con­traria as teses de que o nosso País é pobre e de­pen­dente. Exemplo disso são os vastos re­cursos do sub­solo, como o cobre, o zinco, o es­tanho, o alu­mínio, o tungs­ténio, o chumbo, o ferro, o ouro, a prata e ou­tros me­tais raros, o lítio, o tân­talo ou o índio. Existem ainda po­ten­ci­a­li­dades, ainda não com­ple­ta­mente in­ven­ta­ri­adas, de pe­tróleo e gás na­tural, para além de re­cursos no plano aeó­lico, hí­drico e de ou­tras ener­gias re­no­vá­veis, que po­de­riam di­mi­nuir a nossa fac­tura ener­gé­tica.

«Es­tamos a viver um mo­mento da so­ci­e­dade em que as pes­soas se ques­ti­onam pouco, aliás, são le­vadas a não se ques­ti­onar. O que nós pre­ten­demos é exac­ta­mente o oposto, que esta ex­po­sição abra pers­pec­tivas, com ques­tões bá­sicas e ele­men­tares, au­men­tando a massa crí­tica das pes­soas, obri­gando-as a pensar para me­lhor vi­verem e re­sol­verem os seus pro­blemas», des­tacou Au­gusto Flor.

 

Lição sobre a água

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Este lí­quido é água.Quando pura
é ino­dora, in­sí­pida e in­color.
Re­du­zida a vapor,

sob tensão e a alta tem­pe­ra­tura,
move os êm­bolos das má­quinas que, por isso,
se de­no­minam má­quinas de vapor.


É um bom dis­sol­vente.

Em­bora com ex­cep­ções mas de um modo geral,

dis­solve tudo bem, bases e sais.

Con­gela a zero graus cen­te­si­mais

e ferve a 100, quando à pressão normal.


Foi neste lí­quido que numa noite cá­lida de Verão,
sob um luar go­moso e branco de ca­mélia,
apa­receu a boiar o ca­dáver de Ofélia
com um ne­núfar na mão.

An­tónio Ge­deão


 



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